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Conheça o drone militar MQ-9 Reaper

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Quem acompanha as notícias do mundo está sabendo que o clima anda meio tenso entre os Estados Unidos e o Irã desde que o presidente Donald Trump ordenou o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, ação que para alguns veículos de comunicação está sendo considerada quase que um estopim para a terceira guerra mundial.

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Na verdade pra isso acontecer seria preciso que alguma grande potência se unisse ao Irã – que não chega a ser uma potência mundial – então não fiquem tão alarmados porque apesar de Rússia e China terem repudiado a ação norte americana é meio difícil que tenham alguma vontade de comprar briga com os Estados Unidos.

Mas porque eu tô comentando essa notícia aqui? Obviamente por conta da estratégia utilizada pelos EUA que lançou mão novamente dos temidos drones MQ-9 Reaper, e é sobre eles que iremos falar aqui.

O MQ-9 Reaper é um drone de ataque norte americano fabricado pela empresa General Atomics e também é conhecido pelo apelido de Predator B.

Evolução do MQ-1 Predator

Isso porque ele é a evolução de outro modelo de drone fabricado pela mesma empresa, o MQ-1 Predator que fez a sua estreia em julho de 1994, ou seja, a 25 anos atrás, e foi inicialmente concebido como um drone de reconhecimento, sendo que só depois foi equipado com armas de fogo.

MQ-1 Predator, o antecessor do MQ-9 Reaper

E apesar de ter representado um grande avanço em termos bélicos ao permitir ataques comandados a distância sem colocar a vida de soldados americanos em risco, o MQ-1 era um pouco limitado. A velocidade máxima dele era de apenas 117 nós, o que dá 217Km/h, e a velocidade de cruzeiro, pasmem, era de apenas 130Km/h.

Teoricamente seria possível pegar um carro popular, chegar ao destino e salvar o alvo antes que o MQ-1 chegasse ao local.

É claro que um carro popular não atravessa o oceano mas enfim…

O problema disso aí é que os MQ-1 passavam boa parte do tempo em deslocamento. Eles eram tão lentos que em uma ocasião na Bosnia um helicoptero sérvio realizou a proeza de voar lado a lado e derrubar ele usando uma machine gun montada na sua lateral.

MQ-1 Predator

Mas esse deve ser um caso isolado, já que caso esteja em uma situação de perigo sendo ameaçado por outra aeronave, ou por uma equipe anti-aérea em solo, ele é capaz de voar a uma altitude de até 15 mil metros, e ficar fora do alcance desse tipo de risco.

É claro que para as missões nas quais eles sao usados é importante ter uma baixa velocidade de stol, que no caso do MQ-1 é de apenas 100Km/h, o que permite a ele por exemplo perseguir veículos em movimento sem ter que dar muitas voltas, mas seria bom se ele também pudesse voar um pouco mais rápido se fosse necessário.

O MQ-9 Reaper

E esse é justamente o caso do Predator MQ-9 Reaper, apresentado em maio de 2007 capaz de ultrapassar os 400Km/h e que atualmente é usado pelas forças aéreas dos Estados Unidos, Itália e Reino Unido, ao custo unitário de 15,9 milhões de dolares.

MQ-9 Reaper

Achou caro? Só pra fins de comparação o Gripen NG comprado pelo Brasil tem um custo unitário de 68 milhões de dólares e um F22 não sai por menos de 150 milhões, então dá pra dizer que o MQ-9 tem um bom custo x benefício.

Ok, esse é o custo, mas qual é o benefício afinal? Bom, vamos falar de números então. Pra começar é importante dizer que tanto o MQ-1 quanto o MQ-9 são na verdade grandes planadores bélicos e como tal são capazes de se manter no ar por longos períodos de tempo. O MQ-1 por cerca de 24 horas, enquanto o MQ-9 pode se manter no ar por até 30 horas, quando em missões de reconhecimento. Caso seja carregado com armas esse período cai para cerca de 23 horas.

Pouco? Pode ser. Mas ele também pode ser equipado com 2 tanques externos de 450Kg cada, e aí pessoal, mesmo com 450Kg de munição ele é capaz de se manter no ar por até 42 horas, ou seja, quase 2 dias de voo.

Com relação à munição ele pode ser carregado com diversos tipos de armas incluindo bombas guiadas a laser, mísseis terra ar AGM 114 Hellfire II, AIM-9 Sidewinder, GBU-38 e está em fase de testes o uso de munição aérea AIM-92 Stinger para ataque a outras aeronaves em voo.

Chama atenção também a qualidade dos sensores embarcados já que a câmera de bordo, por exemplo, é capaz de ler a placa de um carro a 3,2Km de distância. Além disso ele é equipado com sistemas de laser para mira e medição de distância, diversos tipos de radares, além de câmeras infravermelhas, capazes de identificar a assinatura térmica de um corpo humano a 3Km de altitude. Por este motivo em 2006 ele recebeu autorização para realizar missões de busca e salvamento em solo americano após a tragédia do furacão Katrina.

Grandes distâncias? Só a reboque.

Mas apesar de o MQ-9 ser relativamente mais rápido que o MQ-1, ele também é incapaz de se deslocar sozinho até as zonas de guerra. Para ter uma ideia, a distância entre os Estados Unidos até o Irã é de 11.600Km, então como eles não dispõem de sistemas de reabastacimento em vôo, eles precisam ser transportados a bordo de aeronaves C-17 Globemaster III, que são grandes o suficiente para carregar o drone e seus apetrechos, além de serem capazes de pousar em pistas relativamente curtas.

MQ-1 Predator sendo descarregado de um C-17 Globemaster III

8 horas após ser desembarcado o MQ-9 já está pronto para decolar, e para isso ele precisa de uma pisa de no mínimo 1,5Km com linha de visada de ponta a ponta.

E a título de curiosidade, depois que o Reaper é descarregado do C-17, tanto o pouso quanto a decolagem são realizados pela estação de controle local, enquanto a pilotagem e realização das missões são feitas por pilotos localizados em solo americano. Com isso, caso a equipe em solo estrangeiro seja desabilitada, a missão do drone pode continuar e ser finalizada.

Vale citar que quando o seu antecessor, o MQ-1, entrou em operação, os pousos e decolagens eram realizados por links de rádio, e após atingir a altitude de cruzeiro o rádio era substituído por satélites. Isso porque os comandos de satélite levavam vários segundos até chegarem ao drone, o que inviabilizava as correções rápidas necessárias durante essas manobras. Já no caso do MQ-9 todo o controle é feito via satélite pois os comandos levam de 1 a 1 segundo e meio pra chegarem ao drone, o que facilita bastante a vida dos operadores durante as missões.

Ground Station de operação do MQ-9 Reaper

E por último uma outra vantagem, não restrita apenas ao MQ-9 mas compartilhada por todos os drones de combate. Toda vez que um avião tripulado é abatido em território inimigo, quando os pilotos sobrevivem e são capturados se criam situações políticas problemáticas que simplesmente não acontecem no caso de aeronaves não tripuladas.

Em 2009 foi apresentado o Avenger, anteriormente conhecido como Predator C e sucessor do MQ-9 Reaper, equipado com tecnologia Stealth e um motor turbofan capaz de levá-lo a uma velocidade máxima de 740Km/h e se manter no ar por um período de até 18 horas.

Predator C Avenger

É tanta tecnologia e tantas cifras milionárias impulsionadas por estas máquinas que nos faz questionar se algum dia a guerra realmente irá acabar já que são tantos interesses atuando por trás do front que temos a impressão que o contexto geopolítico e algumas vidas perdidas são vistos como detalhes diante dos lucros que a guerra pode gerar.

Armas polêmicas

Além disso os drones de guerra trouxeram a tona uma outra discussão moral que é a banalização dos assassinatos, já que o operador de drone que recebe a ordem e apera o botão que dispara a munição e acaba com a vida do alvo – e muitas vezes de alguns inocentes junto – vê o seu trabalho como outro qualquer e é capaz de voltar pra casa e para sua familia ao final de seu turno, da mesma forma como qualquer outro profissional de qualquer outra área, como um médico ou um atendente de lanchonete.

E por último, vale citar que apesar da imagem de confiabilidade e precisão da qual disfrutam os drones na verdade são máquinas falíveis como quaisquer outras e também estão sujeitas a erros humanos. Para vocês terem ideia, segundo o jornal The Washington Post, os EUA já perderam mais de 400 drones desde 2001. Citando mais de 50 mil páginas de relatórios de investigação de acidentes, o “Post” afirma que, desde os atentados do 11 de Setembro de 2001 nos EUA, os “drones” apresentaram “mau funcionamento de inúmeras maneiras, incluindo colapso mecânico, erro humano e problemas relacionados ao mau tempo”. Segundo o relatório os “drones” militares bateram em casas, fazendas, pistas, auto-estradas, hidrovias e, em um caso, até em um avião de transporte C-130 Hercules em pleno ar”.

Operadora de drone ao lado do MQ-9 Reaper

O número é quase igual ao de acidentes envolvendo jatos tripulados da força aérea, o problema é que o número de missões realizadas pelos drones é de longe bem menor.

Além disso, embora o governo norte americano descreva seus drones como armas de precisão cirúrgica, sabe-se que na verdade o número de mortes colaterais, ou seja, de pessoas sem nenhuma ligação com o alvo das missões que acabam sendo abatidas pela ação dos drones é bem mais alto do que as autoridades gostariam de admitir.

Mas enfim, são armas em evolução e toda tecnologia que por mais irônico e contraditório que possa parecer, puder salvar alguma vida, é bem vinda. Não que me agrade o uso da tecnologia dos drones para a guerra, mas em última análise o piloto geralmente é só alguém que está obedecendo ordens. Deixem a opinião de vocês nos comentários e nos vemos no próximo artigo.

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